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Paínho-da-Madeira Joël Bried
Angelito ou Melro-da-baleia Hydrobates castro (Harcourt 1851)
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O Paínho-da-Madeira, Hydrobates castro (Harcourt 1851), também conhecido como Angelito ou Roque-de-Castro, apresenta um comprimento de 18-20 cm Continua...
Joël Bried – Biólogo
Investigador pós-doc na Universidade dos Açores – Departamento de Oceanografia e Pescas entre 2001 e 2013
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Biólogo – Universidade dos Açores
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O Paínho-da-Madeira, Hydrobates castro (Harcourt 1851), também conhecido como Angelito ou Roque-de-Castro, apresenta um comprimento de 18-20 cm e um peso entre 38 e 70 g. A sua coloração é escura com uma faixa branca no uropígio. A cauda é geralmente ligeiramente bifurcada mas menos do que a cauda do Paínho-de-Monteiro, Hydrobates monteiroi.

O Paínho-da-Madeira possui uma distribuição mundial que inclui o Atlânticonorte e sul e o Pacífico. Contudo, o estatuto taxonómico desta espécie está polémico, sendo possível que as populações do Pacífico constituam uma espécie distinta.

Esta espécie era outrora muito abundante no arquipélago. A introdução de mamíferos pelos Portugueses a partir do século XV e a exploração das aves para alimentação e extração de óleo resultaram na diminuição drástica da população açoriana.

As colónias açorianas de nidificação do Paínho-da-Madeira localizam-se em pequenos ilhéus desabitados, situados em Santa Maria (ilhéu da Vila, 200 casais) e na Graciosa (ilhéus de Baixo e da Praia, 200 casais em cada ilhéu). Os ninhos artificiais colocados no ilhéu da Praia em 2000 e 2001 permitiram um aumento forte do tamanho da colónia deste ilhéu. Existem também suspeitas de nidificação em Malbusca em Santa Maria, no ilhéu da Baleia na Graciosa, e na ilha de São Jorge, no ilhéu do Topo.

Apesar de nidificar em todos os arquipélagos da Macaronésia, a espécie é considerada "rara" na Europa. Fica incluída no Anexo I da Directiva de Aves e no Anexo II da Convenção de Berna. Uma significativa área do seu habitat europeu está incluída no Anexo I da Diretiva Habitats.

O Paínho-da-Madeira não deve ser muito afetado pela pressão humana, uma vez que os seus ninhos são difíceis de localizar e pouco acessíveis. Tal como para as outras aves marinhas, as principais ameaças estão relacionadas com a presença de mamíferos introduzidos (ratazanas, gatos, furões) e de aves de presa extraviadas nas proximidades dos seus locais de nidificação.

Os Paínhos-da-Madeira regressam aos sítios de nidificação a partir de agosto. A fêmea põe um único ovo, sem possibilidade de efetuar uma postura de substituição em caso de fracasso. As posturas decorrem entre o início de outubro e o início de dezembro. A incubação dura cerca de 45 dias enquanto as crias emancipam-se a partir de dois meses de idade. Ambos progenitores proporcionam cuidados parentais. As crias saem do ninho entre o fim de janeiro e meados de abril.

Considera-se que os Paínhos-da-Madeira alimentam-se tanto durante o dia como à noite. Durante o dia capturam pequenos peixes e lulas. À noite, ingerem organismos mesopelágicos que fazem migrações nocturnas para a superfície (por exemplo, mictofídeos). Eram observados frequentemente a alimentar-se dos desperdícios das atividades de baleação, razão porque também são chamados de Melro-da-baleia. Provavelmente existem importantes diferenças na dieta e na área de pesquisa alimentar dos Paínho-de-Monteiro e da-Madeira, tendo em vista as diferenças consideráveis que as duas espécies apresentam nos níveis de mercúrio orgânico e nas concentrações de isótopos estáveis de nitrogénio e de carbono nas penas. As presas são capturadas supostamente na superfície do mar.

Esta espécie não permanece nos Açores durante o Verão. Nesta altura, há observações de indivíduos ao largo dos Estados-Unidos. Um indivíduo anilhado nos Açores foi recapturado no Golfe do México em Abril de 1998, o que sugere a existência de uma migração para o Atlântico norte ocidental.

Joël Bried – Biólogo
Investigador pós-doc na Universidade dos Açores – Departamento de Oceanografia e Pescas entre 2001 e 2013