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Frulho Joël Bried
Puffinus lherminieri baroli (Bonaparte 1857) Endemismo da Macaronésia
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O Frulho, Puffinus lherminieri baroli (Lesson 1839), também conhecido como Pintainho, Continua...
Joël Bried – Biólogo
Investigador pós-doc na Universidade dos Açores – Departamento de Oceanografia e Pescas entre 2001 e 2013
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Biólogo – Universidade dos Açores
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O Frulho, Puffinus lherminieri baroli (Lesson 1839), também conhecido como Pintainho, apresenta um comprimento de 28-30 cm e um peso médio de 172 g. A sua coloração é preta com as partes inferiores do corpo e das asas brancas. As pernas são azuladas com manchas pretas no tarso.

O Frulho era antigamente considerado como uma sub-espécie de Puffinus assimilis. Actualmente, considera-se que o Frulho é uma subespécie de Puffinus lherminieri endémica da Macaronésia, cujo nome científico completo é Puffinus lherminieri baroli. Esta subespécie nidifica nos Açores, na Madeira e nas Canárias. Contudo o IOC considera tratar-se de uma espécie distinta de Puffinus baroli (Bonaparte 1857). Os Frulhos eram outrora muito abundantes no arquipélago.

A introdução de mamíferos pelos Portugueses a partir do século XV e a exploração das aves para alimentação e extração de óleo resultaram na diminuição drástica da população açoriana. As colónias açorianas de nidificação desta espécie localizam-se em pequenos ilhéus desabitados, situados em Santa Maria (ilhéu da Vila, 50 casais) e na Graciosa (ilhéus de Baixo e da Praia, 50 casais em cada ilhéu), mas também nas falésias inacessíveis das ilhas principais, com a exceção aparente da ilha Terceira. Os ninhos artificiais colocados no ilhéu da Praia (Graciosa) permitiram a nidificação de alguns casais em ninhos artificiais. Puffinus assimilis era considerado "escasso" na Europa. A revisão da taxonomia deverá resultar num estatuto de conservação idêntico de Puffinus herminieri baroli na Europa. O Frulho não deve ser muito afetado pela pressão humana, uma vez que os seus ninhos são difíceis de localizar e pouco acessíveis. Tal como para as outras aves marinhas, as principais ameaças têm a ver com a presença de mamíferos introduzidos (ratazanas, gatos, furões) e de aves de presa extraviadas nas proximidades dos seus locais de nidificação.

Os Frulhos regressam aos sítios de nidificação a partir de meados de agosto. A fêmea põe um único ovo, sem possibilidade de efetuar uma postura de substituição em caso de fracasso. As posturas geralmente decorrem no final de janeiro e em fevereiro. A incubação dura cerca de 45 dias enquanto as crias emancipam-se a partir de dois meses de idade. Ambos progenitores participam na incubação e na criação. As crias saem do ninho entre o fim de maio e o início de junho.

Um estudo recente (Verónica Neves et al. 2012) mostrou que os cefalópodes e os peixes juvenis Phycis sp. constituem a maior parte da dieta dos Frulhos do ilhéu da Vila durante a criação. Os Frulhos são mergulhadores eficientes, podendo chegar regularmente aos 15 metros de profundidade. Os resultados das análises de trajetos obtidos com geolocalizadores mostram que os adultos parecem permanecer na zona dos Açores durante o ano todo. Contudo, as colónias de nidificação são abandonadas entre Junho e meados de Agosto.

Joël Bried – Biólogo
Universidade dos Açores – Departamento de Oceanografia e Pescas