Em Setembro de 2007, a Ilha Graciosa passou a fazer parte da Rede Mundial de Reservas da Biosfera da UNESCO por decisão do Bureau do Conselho Internacional de Coordenação do Programa MAB (O Homem e a Biosfera).
Tal reconhecimento reflecte as características ambientais, patrimoniais e culturais únicas da ilha Graciosa de que são singular exemplo as significativas colónias de aves marinhas que nidificam nos seus ilhéus, a Furna do Enxofre, imponente caverna lávica caracterizada por ter um tecto em forma de abóbada perfeita, a peculiar arquitectura rural promotora da denominada “casa da Graciosa” e a “Arquitectura da Água”, original expressão da carência de água que sempre fustigou as gentes da ilha Graciosa.
Mas são sem dúvida os ilhéus o que maior valor acrescentou à feliz candidatura da ilha a Reserva da Biosfera. Constituindo importantes habitats de nidificação para aves marinhas servem igualmente como áreas de descanso/passagem de aves migratórias. Neles ocorrem especialmente o Cagarro (Calonectris diomedea borealis), o Garajau-rosado (Sterna dougallii), o Garajau-comum (Sterna hirundo), o Frulho (Puffinus baroli baroli) e o Painho-da-madeira (Oceanodroma castro).
Destaca-se nesse papel o Ilhéu da Praia que, para além de ser um dos maiores e com maior diversidade de aves nidificantes dos Açores, foi nele descoberto recentemente uma espécie endémica, o Painho-das-tempestades-de-monteiro (Oceanodroma monteiroi), que só nidifica nos ilhéus da Graciosa.
Por outro lado, detentora de uma orla costeira facilmente acessível a partir dos inúmeros portinhos tradicionais e de um fundo marinho particularmente belo, tem vindo a destacar-se no arquipélago como “capital do mergulho dos Açores”, numa interessante dinâmica local de procura de actividades económicas ambientalmente sustentáveis.
Pedro Raposo – Biólogo |