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O Paínho-da-Madeira, também conhecido como Angelito ou Roque-de-Castro, apresenta um comprimento de 18-20 cm e um peso entre 38 e 70 g. A sua coloração é escura com uma faixa branca no uropígio. A cauda é ligeiramente bifurcada, contudo, menos do que a cauda do Paínho-de-Monteiro Oceanodroma monteiroi.

O Paínho-da-Madeira possui uma distribuição mundial que inclui o Atlântico norte e sul e o Pacífico. Contudo, o estatuto taxonómico desta espécie está polémico, sendo possível que as populações do Pacífico constituam uma espécie distinta.

Esta espécie era outrora muito abundante no arquipélago. A introdução de mamíferos pelos Portugueses a partir do século XV e a exploração das aves para alimentação e extracção de óleo resultaram na diminuição drástica da população açoriana.

As colónias açorianas de nidificação do Paínho-da-Madeira localizam-se em pequenos ilhéus desabitados, situados em Santa Maria (ilhéu da Vila, 200 casais) e na Graciosa (ilhéus de Baixo e da Praia, 200 casais em cada ilhéu). Os ninhos artificiais colocados no ilhéu da Praia em 2000 e 2001 permitiram um aumento forte do tamanho da colónia deste ilhéu, o qual deve albergar cerca de um terço da população açoriana da espécie. Existem também suspeitas de nidificação em Malbusca em Santa Maria, no ilhéu da Baleia (Ponta da Barca) na Graciosa, e na ilha São Jorge, no ilhéu do Topo.

Apesar de nidificar em todos os arquipélagos da Macaronésia, a espécie é considerada "rara" na Europa. Está incluída no Anexo I da Directiva de Aves e no Anexo II da Convenção de Berna. Uma significativa área do seu habitat europeu está incluída no Anexo I da Directiva Habitats.

O Paínho-da-Madeira não deve ser muito afectado pela predação humana, uma vez que os seus ninhos são difíceis de localizar e pouco acessíveis. Tal como para as outras aves marinhas, as principais ameaças estão relacionadas com a presença de mamíferos introduzidos (ratazanas, gatos, furões) e de aves de presa extraviadas nas proximidades dos seus locais de nidificação.

Os Paínhos-da-Madeira regressam aos sítios de nidificação a partir de Agosto. A fêmea põe um ovo único, sem possibilidade de efectuar uma postura de substituição em caso de fracasso. As posturas decorrem entre o início de Outubro e o início de Dezembro. A incubação dura cerca de 45 dias enquanto as crias emancipam-se a partir de dois meses de idade. Ambos progenitores proporcionam cuidados parentais. As crias saem do ninho entre o fim de Janeiro e os meados de Abril.

Considera-se que os Paínhos-da-Madeira alimentam-se tanto durante o dia como à noite. Durante o dia capturam pequenos peixes e lulas. À noite, ingerem organismos mesopelágicos que fazem migrações nocturnas para a superfície (por exemplo, mictofídeos). Eram observados frequentemente a alimentar-se dos desperdícios das actividades de baleação, razão porque também são chamados de Melro-da-baleia. Provavelmente existem importantes diferenças na dieta e na área de pesquisa alimentar dos Paínho-de-Monteiro e da-Madeira, tendo em vista as diferenças consideráveis que as duas espécies apresentam nos níveis de mercúrio orgânico e nas concentrações de isótopos estáveis de nitrogénio e de carbono nas penas. As presas são capturadas supostamente na superfície do mar.

Esta espécie não permanece nos Açores durante o Verão. Nesta altura, há observações de indivíduos ao largo dos Estados-Unidos. Um indivíduo anilhado nos Açores foi recapturado no Golfe do México em Abril de 1998, o que sugere a existência de uma migração para o Atlântico norte ocidental.

Joël Bried – Biólogo
Departamento de Oceanografia e Pescas – Universidade dos Açores

Governo dos Açores