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Ilhéu da Praia ou os Açores no seu melhor

Andava o então Eng. Luís Monteiro a efectuar um trabalho de investigação no ilhéu da Praia quando notou que o chilrear do Paínho que estava a ver não fazia sentido. Imagino, e infelizmente o Luís já não se encontra entre nós para o confirmar, que terá sentido o mesmo que ver um homem de 1,80 a falar como uma criança de cinco anos, simplesmente não batia certo... A partir daí, a sua equipa desenvolveu estudos que os levaria a concluir que aquela era uma espécie diferente. Hoje, chama-se Paínho-de-Monteiro! É neste pequeno local, com uma biodiversidade fabulosa, que irá imergir. Depois de entrar dentro de água, normalizar a flutuação e livrar-se de todas aquelas bolinhas que não nos deixam ver com clareza, terá à sua frente um cenário constituído por grandes rochas depostas numa aparente desordem. Percorra estas micro-montanhas submarinas e deleite-se com os badejos, vejas e garoupas que, do outro lado, fazem exactamente o mesmo, procurando as presas que, incautas, não esperavam tão letal companhia. Como esta é uma área protegida implementada recentemente, é natural que, com o tempo, estes predadores se habituem à presença de mergulhadores e permitam grandes aproximações. Mais uma razão para voltar ao Ilhéu da Praia! O mais extraordinário, no entanto, são os “arbustos” de coral-negro. Estas falsas árvores constituem um magnífico motivo de mergulho e, com a fauna que albergam, são autênticos reservatórios de pequenas delicadezas subaquáticas. O nome advém da coloração e aspecto vítreo que ganham quando expostos ao ar, mas não lhes toque. Qualquer ramo que está a observar demorou várias dezenas de anos a atingir este tamanho e, portanto, qualquer dano será um dano, de facto, para sempre. Em volta dos corais-negros poderá observar moreias, sargos e, nas zonas mais profundas, Anthias. No fundo, a rocha termina e há uma longa plataforma de areia. Aqui, solhas e outros animais dependentes deste tipo de fundo aguardam a sua vista. Quando terminar, verificará que foi tempo bem utilizado. O ilhéu da Praia é um daqueles locais que fica na memória, para sempre. Bons mergulhos!

Frederico Cardigos – Biólogo Marinho
Governo dos Açores