Dada a natureza vulcânica das ilhas dos Açores e a presença de inúmeras escoadas lávicas basálticas s.l., o arquipélago apresenta um rico e diversificado património espeleológico.
São conhecidas cerca de 270 cavidades naturais nos Açores, correspondendo a muitas dezenas de quilómetros de caminhos subterrâneos, onde se escondem muitos segredos, formas peculiares e estranhas formas de vida. Estas cavidades são de diferentes tipos: grutas e algares vulcânicos, fendas e grutas de erosão, ocorrendo, por vezes, a combinação de tipos.
É na ilha do Pico que se pode encontrar o maior número de cavidades vulcânicas conhecidas nos Açores, num total de 111. Os maiores tubos lávicos dos Açores são a Gruta das Torres na ilha do Pico e a Gruta dos Balcões na ilha Terceira, com 5150 m e 4421 m de comprimento total, respectivamente. O Algar do Morro Pelado e as Bocas do Fogo na ilha de São Jorge, com 140 m e 120 m de profundidade, respectivamente, são os maiores algares do arquipélago.
As cavidades vulcânicas, não sendo muito comuns, encontram-se em locais do globo onde o magma ascende à superfície, como por exemplo nos Açores, Estados Unidos da América, Havai, Galápagos, Canárias, Islândia, Itália, Japão, Quénia e Coreia. Nestes locais são comuns dois tipos de cavidades: os algares vulcânicos e os tubos lávicos.
As cavidades vulcânicas são ricas em estruturas típicas destes ambientes geológicos, de onde se podem destacar: lavas pahoehoe, lavas aa, clarabóias, balcões, estalactites e estalagmites lávicas, estalactites e estalagmites secundárias (nomeadamente de sílica, calcite, gesso e limonite), colorações resultantes da alteração/oxidação dos basaltos, bolas de lava, bolhas de gás, paredes estriadas e levées.
Consciente da importância deste património, o Governo Regional dos Açores criou através da resolução N.º 149/98 de 25 de Junho, um grupo multidisciplinar encarregado de promover a elaboração de um estudo sobre as cavidades vulcânicas dos Açores, que posteriormente, através da resolução N.º 191/2002 passou a designar-se GESPEA (Grupo de Trabalho para o Estudo do Património Espeleológico dos Açores).
Desde 1998, altura em que o Grupo de Trabalho foi criado, tem vindo a desenvolver diversas acções e trabalhos, destacando-se: a criação de uma base de dados e de um sistema classificativo, com o intuito de reunir toda a informação possível sobre as cavidades vulcânicas dos Açores, bem como de efectuar uma gestão mais eficaz destas cavidades,relativamente ao seu potencial turístico e científico; a divulgação do Património Espeleológico dos Açores; a elaboração de propostas de classificação de cavidades vulcânicas e a realização de expedições científicas.
Manuel Paulino Costa – Geólogo
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