O Algar do Carvão está situado na zona central da ilha Terceira, a sensivelmente 600 m de altitude. Foi classificado como "Monumento Natural Regional" dadas as suas peculiaridades vulcanológicas bem como à sua importância enquanto ecossistema natural.
A cratera deste algar desce em conduta vertical cerca de 45 m até encontrar uma rampa, constituída por um depósito de escórias e blocos que se desprenderam no passado. A partir daqui há novo desnível vertical, que termina numa lagoa de águas límpidas, fazendo com que o algar tenha cerca de 90 m de profundidade total. A lagoa é alimentada por águas que escorrem até ao interior e por importantes nascentes subterrâneas que brotam das paredes inferiores. Apresenta alguma variação na sua profundidade de acordo com a precipitação registada ao longo do ano, atingindo nalguns anos um máximo de cerca de 15 m. Por vezes seca quase completamente após o verão.
As extremamente raras estalactites e estalagmites de sílica amorfa, de cor branca, que revestem uma parte importante do teto e das paredes do algar, são porventura as estruturas mais exuberantes e belas existentes neste algar. Possui também estalactites lávicas de diferentes formatos, depósitos férricos, e importantes pormenores dos mecanismos que estiveram envolvidos na construção deste algar, como as capas basálticas que ainda subsistem coalescentes aos mantos traquíticos.
Para além do cone exterior, também a cratera e boa parte da conduta são revestidas por um notável povoamento vegetal que inclui algumas espécies da fauna e flora endémicas dos Açores. Regista-se a presença de várias espécies de invertebrados, com realce para a aranha cavernícola Turinyphia cavernicola que apenas ocorre nesta cavidade e na Gruta da Malha, e outras espécies troglóbias como: Lithobius obscurus azorae, Pseudosinella ashmoleorum, Trechus terceiranus. De assinalar ainda a presença de várias espécies de briófitos incluídos na Lista Vermelha de Briófitos da Europa (ECCB), como a Alophosia azorica, Calypogeia azorica, e outras.
Paulo J. M. Barcelos - Associação Os Montanheiros |