Situada na parte SE da caldeira do Vulcão Central, na zona de intersecção de falhas de direcção NW-SE e NE-SW, a Furna do Enxofre é uma imponente caverna lávica de natureza basáltica, cuja génese está associada à fase final do episódio eruptivo havaiano que marcou a última etapa evolutiva da caldeira.
Sob o ponto de vista morfológico apresenta um diâmetro aproximado de 200 metros e uma altura de cerca de 50 metros. Caracteriza-se por apresentar um tecto em abóbada, onde sobressaem secções perfeitas de prismas lávicos, e no qual se desenvolvem as duas fendas que permitem a comunicação da estrutura com o exterior, localizadas ao longo de uma importante falha tectónica de direcção NE-SW.
O chão da Furna do Enxofre, parcialmente coberto por blocos caídos do tecto, é inclinado para sudeste e termina num lago de água fria que ocupa a parte mais funda da estrutura.
No interior da caverna destaca-se a existência de um campo de desgaseificação que compreende uma fumarola de lama, áreas de emissões de vapor com depósitos de minerais sublimados e uma extensa área de desgaseificação difusa através dos solos. Os principais gases libertados neste sistema são o dióxido de carbono (CO2), o sulfureto de hidrogénio (H2S), o metano e o radão (222Rn).
O Centro de Vulcanologia e Avaliação de Riscos Geológicos da Universidade dos Açores monitoriza em contínuo a libertação de tais gases no âmbito do seu programa de vigilância sismovulcânica, mas também por razões relacionadas com o perigo que podem representar em termos de saúde pública.
Na verdade, as características peculiares da Furna do Enxofre tornam-na num dos pontos turísticos de maior interesse não só da ilha Graciosa, mas de todo o arquipélago dos Açores. O acesso à gruta, inicialmente feito por cordas, encontra-se actualmente facilitado graças à construção, em 1939, de uma torre com cerca de 37 metros de altura e uma escadaria em caracol com 183 degraus, pelo que importa garantir que as visitas ao local decorram na máxima segurança.
Descer à Furna do Enxofre é entrar na conduta principal, ou chaminé, de um vulcão activo!
Ao fazê-lo respeite as medidas preventivas indicadas.
João Luís Gaspar – Geólogo
Universidade dos Açores |