A capacidade de adaptação é uma das caraterísticas mais admiráveis da Vida na Terra. Existem habitats supostamente inabitáveis onde seres vivos microscópicos, bem-adaptados, conseguem prosperar. Estes organismos são genericamente designados por "Extremófilos” do grego amantes do extremo.
Devido à natureza extrema de temperatura, salinidade, pH, entre outros fatores, dos ambientes onde os extremófilos proliferam, estes seres vivos desenvolvem estratégias bioquímicas de proteção dos seus componentes celulares ou concebem componentes mais resistentes com enorme potencial biotecnológico, adequados para utilização em processos industriais. Um exemplo são as proteínas isoladas a partir destes microrganismos resistentes a ambientes extremos, atualmente utilizadas na indústria química, farmacêutica e alimentar.
As enzimas dos organismos que proliferam em lagos fortemente alcalinos têm também, atualmente, um forte impacto na indústria dos detergentes.
Outras possíveis aplicações são a bio-remediação de solos, o tratamento de efluentes, a desulfurização de pneus ou a extração de metais.
Mas, a descoberta com maior impacto científico foi a das polimerases de ADN termoestáveis (isoladas de Thermus aquaticus, Pyrococcus furiosus, Thermococcus litoralis), essenciais para o desenvolvimento e automatização de reações em cadeia catalisadas por polimerases (PCR), ferramenta essencial da engenharia genética.
A aplicação de extremófilos e dos produtos deles derivados em processos biotecnológicos é tão diversificada, que nos permite imaginar as aplicações dos ecossistemas microbianos açorianos, ainda por explorar.
Do ponto de vista ambiental, importa ter em conta que os microrganismos são essenciais para o funcionamento e equilíbrio dos ecossistemas nos quais estão inseridos. Além disso, representam uma importante fonte de recursos genéticos para o avanço biotecnológico e para o desenvolvimento económico sustentável, destacando-se, entre outras aplicações, a descontaminação de solos devido à sua capacidade de degradação de poluentes ambientais. Este combate à poluição engloba também, numa perspetiva regional, a problemática dos resíduos depositados de forma ilegal nas nascentes termais e áreas envolventes. Neste sentido, o OMIC pretende também desenvolver atividades de educação e sensibilização, direcionadas tanto para o público escolar como para a população em geral, no âmbito da gestão dos resíduos, nomeadamente a sua correta separação e encaminhamento para o destino final adequado.
No âmbito dos objetivos gerais do OMIC, destaca-se a importância da preservação dos recursos hídricos, designadamente das Nascentes Termais dos Açores, bem como divulgar a importância destes recursos na qualidade de vida da população local e dos ecossistemas associados, não só na sua vertente ambiental, mas também cultural.
Técnicas do OMIC
Carolina Rodrigues
Cátia Rodrigues
Joana Medeiros
Sara Cabral Furtado
Bibliografia
Horikoshi K. (1999). Alkaliphiles: some applications of their products for biotechnology. Microbiol Mol Biol Rev 63:735-50.
Santos, H. et al. (2001). Extremófilos: microrganismos à prova de agressões ambientais extremas. Boletim de Biotecnologia nº 69.
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