Os artrópodes incluem os insectos e outros grupos próximos, como as aranhas, ácaros, outros aracnídeos, crustáceos, centopeias e diplópodes, constituindo as formas de vida dominante no planeta Terra. Estes seres vivos, apelidados por Wilson (1987) de “… as pequenas coisas que dirigem o mundo”, desempenham um papel de primordial importância nos ecossistemas. Por exemplo, os decompositores (e.g. crustáceos terrestres, ácaros, diplópodes, colêmbolos e alguns grupos de insectos como as moscas) consomem quantidades significativas de partes de plantas mortas, excrementos e carcaças, desempenhando um papel importante na reciclagem de nutrientes. Os predadores (e.g. centopeias, aranhas, pseudo-escorpiões, opiliões, ácaros e vários grupos de insectos como os carabídeos, estafilinídeos, larvas de crisopas, formigas, vespas parasíticas) e os fitófagos (ácaros, vários grupos de insectos como os gafanhotos, grilos, tripes, percevejos, cigarrinhas, afídeos, borboletas, mariposas e alguns grupos de escaravelhos) têm um papel fundamental nas cadeias tróficas terrestres, alimentando-se, respectivamente, de uma grande quantidade de outros artrópodes e de plantas. Por sua vez, todos estes grupos, em maior ou menor escala, integram as cadeias alimentares de numerosos grupos de vertebrados (anfíbios, répteis, aves e mamíferos) e até de algumas plantas, designadas genericamente por carnívoras ou insectívoras. Os polinizadores, tais como as abelhas, as vespas e outros grupos de insectos (besouros, moscas, borboletas) contribuem para a reprodução cruzada das plantas com flor (angiospérmicas).
Nos Açores conhecem-se 2227 espécies e subespécies pertencentes a 1433 géneros. Os escaravelhos (Coleoptera) constituem o grupo de insectos mais diverso, com 528 espécies; seguem-se: as moscas e mosquitos (Diptera) com 393 espécies; os percevejos (Hemiptera) com 306 espécies; as borboletas (Lepidoptera) com 149 espécies; as formigas, vespas e abelhas (Hymenoptera) com 131 espécies; e os ácaros oribatídeos (Acari, Oribatida) com 113 espécies.
As 267 espécies de artrópodes endémicos actualmente conhecidas constituem uma estimativa pobre da realidade, estimando-se que este número se aproxime das 400 espécies.
Paulo A. V. Borges – Biólogo
Grupo da Biodiversidade dos Açores – Universidade dos Açores |