Uma espécie infestante é uma planta que interfere nas actividades humanas e no equilíbrio natural dos ecossistemas. Altera o ambiente urbano, prejudica actividades socioeconómicas como a produção agrícola e o turismo, interfere na conservação da biodiversidade e dos ecossistemas naturais causando impactos ecológicos negativos nas espécies nativas de flora e fauna selvagem, nas águas e nos solos. Habitualmente são espécies introduzidas mas também podem ser espécies naturais cujo equilíbrio em que se encontravam foi alterado, surgindo as condições ideais para se tornarem infestantes.
A maior parte das infestantes foram introduzidas nos Açores através de intervenção humana, propositadamente (caso das ornamentais) ou misturadas noutras sementes, desconhecendo o Homem que o fazia. Outras terão chegado através de agentes naturais, como no caso daquelas plantas que desenvolveram adaptações à dispersão pelo vento ou pelos pássaros. Outras puderam fragmentar-se e naufragar no litoral das ilhas.
Por vezes tornam-se grandes invasoras, caracterizadas por uma agressiva capacidade de dispersão e aumento exponencial das suas populações, tornando-se de muito difícil erradicação. Umas recorrem à reprodução vegetativa, enquanto outras produzem grandes quantidades de sementes, dispersadas por diversos agentes: água, animais, vento e o Homem.
A actividade humana cria novas oportunidades de colonização (solos agrícolas, terrenos arroteados, movimentação de entulhos, construção de edificações, abertura de caminhos) e providencia novos meios de dispersão (veículos terrestres, transporte de cargas marítimas e aéreas, introdução de animais domésticos e selvagens).
O Homem espalhou tantas plantas pelo mundo, para fora das suas áreas de distribuição geográfica originais, que essas tornaram-se numa parte muito significativa das floras das áreas regionais onde foram inseridas. Felizmente, nem todas se tornaram infestantes. Certo é que a longo prazo novas plantas irão continuar a invadir as ilhas açorianas, pelos seus próprios meios ou transportadas pela ignorância ou negligência humana. Grande parte das espécies tornar-se-ão “naturalizadas”, crescendo na natureza sem a assistência ou intervenção humana, podendo ou não tornarem-se pragas. É fundamental estarmos alerta e sermos capazes de detectar e controlar essas novas chegadas.
Paulo Bercelos – Os Montanheiros |