Albert Honoré Charles Grimaldi nasceu a 13 de novembro de 1848, em Paris, vindo a falecer na mesma cidade a 26 de junho de 1922. A 10 de setembro de 1889, ascende ao trono do principado de Mónaco, após a morte de seu pai S.A. Charles III.
Em 1865 iniciou a sua formação na Armada Imperial francesa e depois na Real Armada espanhola. O seu gosto pelo mar levou-o a adquirir, em 1874, a escuna Hirondelle e, em 1884, motivado pelas campanhas dos navios Travailleur e Talisman, apresentadas em exposição no Museu de História Natural de Paris, decide dedicar-se aos estudos oceanográficos. Neste mesmo ano, apoiado por um conjunto de especialistas, iniciou as suas campanhas científicas.
Durante trinta anos usou sucessivamente quatro navios, que denominou Hirondelle e Princesse Alice. Ao longo deste tempo, o Príncipe comandou estas embarcações e realizou vinte e oito campanhas oceanográficas, treze das quais centradas nos mares dos Açores. As descobertas dos relevos oceânicos Fossa do Hirondelle e o Banco Princesa Alice são testemunhos vivos destas campanhas.
O Príncipe Albert I promoveu estudos em domínios da oceanografia tão diversos como correntes marítimas, levantamentos batimétricos e cartográficos, meteorologia, física, química e biologia marinha. A divulgação científica foi, desde sempre, uma das suas preocupações. Em 1899 criou o Museu Oceanográfico de Mónaco, inaugurado em 1910, e no mesmo ano o Instituto Oceanográfico em Paris.
Realizou 13 campanhas oceanográficas no Atlântico Norte, centradas nos mares dos Açores, entre 1885 e 1914. Durante este período, foram feitas sondagens, amostragens e recolhas que permitiram uma ampla caracterização desta zona do Atlântico, em diversos domínios científicos.
Os resultados das campanhas de S.A.S. o Príncipe Albert I de Mónaco são uma obra monumental que constitui um dos marcos fundadores da oceanografia moderna. O Boletim e os Anais do Instituto Oceanográfico, bem como o Boletim do Museu Oceanográfico de Mónaco, edições realizadas sob os auspícios de S.A.S., são um contributo inestimável para o conhecimento dos oceanos, em muitos domínios da ciência.
As campanhas oceanográficas promovidas por Albert I marcam a fundação da oceanografia moderna e foram responsáveis pela produção de um vastíssimo corpo de conhecimento em várias áreas científicas, desde a biologia marinha à meteorologia. As recolhas efetuadas permitiram reunir um extraordinário acervo de espécimes biológicos, sobre os quais Albert I fundou o Museu Oceanográfico de Mónaco.
Durante um período de mais de três décadas, entre 1879 e 1914, o Príncipe Albert I conheceu todas as ilhas do arquipélago e sedimentou uma forte ligação aos Açores. As suas relações de amizade com Dom Carlos I, Rei de Portugal, e com Francisco Afonso Chaves são testemunho da sua ligação a Portugal e aos Açores.
A compreensão dos fenómenos atmosféricos e a previsão meteorológica são fundamentais para as atividades humanas, em especial para a navegação marítima. Os dados meteorológicos dos Açores, permitindo a melhor caracterização da evolução do estado do tempo na Europa, revestiam-se de uma importância que era reconhecida internacionalmente.
Após um longo processo, no qual o Príncipe Albert I desempenhou um papel decisivo, foi criado o Serviço Meteorológico dos Açores, por Carta de Lei de 12 de junho de 1901, iniciando a sua atividade a 1 de outubro desse ano, sob direção de Francisco Afonso Chaves.
O Serviço da Hora em Ponta Delgada, serviço incluído nas competências do Serviço Meteorológico dos Açores, foi inaugurado pelo Rei Dom Carlos I a 11 de julho de 1901, durante a visita oficial que fez ao Arquipélago dos Açores. A importância deste serviço advém do necessário rigor para o registo dos dados recolhidos, para a navegação e em particular para o cálculo dos epicentros dos sismos.
O conhecimento das irregularidades magnéticas, em terra e no mar, é de extrema importância para a navegação marítima, especialmente na proximidade das ilhas. As medições sistemáticas das variações geomagnéticas nos Açores foram iniciadas por Francisco Afonso Chaves em 1899, usando um conjunto de instrumentos, oferecidos pelo Príncipe Albert I, que instalou num pequeno pavilhão de madeira no quintal de sua casa, em Ponta Delgada. A construção do Observatório Magnético, na Fajã de Cima, Ponta Delgada, iniciou-se em 1904, ano em que se iniciaram as medições.
O Príncipe Albert I foi o principal impulsionador da ideia de um Serviço Meteorológico Internacional nos Açores. Apesar desse projeto não ter vingado, o seu nome ficou associado à criação do Serviço Meteorológico dos Açores.
Museu Carlos Machado
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