A ilha de São Jorge apresenta uma forma invulgar de fuso alongado, possui um comprimento sete vezes maior que a largura, terminando em extremidades muito afiladas, sobretudo na Ponta dos Rosais, a Noroeste. A elevada altitude do seu dorso central, aliada a uma costa de altas arribas que descem abruptamente até ao mar, contribuem para a sua configuração muito particular.

As extensas e altas encostas que se desenvolvem desde as cumeadas da zona central da ilha até ao alcantil das arribas, por vezes até aos 400 metros, encontram-se com o mar ou detêm-se nas plataformas das fajãs. Embora estes terrenos aplanados, de maior ou menor extensão, resultantes da deposição de materiais que desabaram da parte superior das arribas por acção da erosão hídrica, também se verifique noutras ilhas do Arquipélago, as fajãs de São Jorge, com a sua ocupação humana característica, revestem-se de um carácter muito particular.

Os dois factores climáticos mais condicionantes da paisagem desta ilha são a pluviometria e a humidade relativa do ar, logo seguidos da velocidade e direcção dos ventos e das temperaturas do ar.

Face à escassez de terrenos planos e pouco declivosos em zonas baixas do litoral, frequentes noutras ilhas dos Açores, os solos de maior aptidão agrícola são poucos e encontram-se quase todos a altitudes superiores a 300 metros, portanto, sujeitos a chuvas e humidade muito elevada e propícia à existência de pastagens, ou de matos se os declives ou afloramentos rochosos o exigirem.

Rui Monteiro e Sílvia Furtado

Fonte: SRAM/ DROTRH (2005). LIVRO DAS PAISAGENS DOS AÇORES
Contributos para a identificação e caracterização das paisagens dos Açores. Ponta Delgada.