O Parque Terra Nostra tem mais de dois séculos de existência e ao longo da sua história, através dos sucessivos proprietários, tem sido palco de introdução e divulgação tanto da flora representativa dos Açores, como de inúmeras espécies botânicas oriundas de zonas tão longínquas e díspares como a América, a Austrália, a Nova Zelândia, a China e a África do Sul.

Inserido na freguesia de Furnas, o Parque Terra Nostra usufrui de um micro-clima que, associado a um solo com características vulcânicas e à existência de inúmeros recursos hídricos, permite e potencia a adaptação de uma grande diversidade vegetal.

Importantes coleções botânicas têm sido implementadas e desenvolvidas nos últimos anos. São elas: a Coleção de Fetos e a Coleção de Cycadales, constituídas por espécies cuja origem remonta a períodos tão distantes na história como o Período Jurássico (cerca de 200 milhões de anos atrás), e portanto consideradas fósseis vivos; e a coleção de Cameleiras, plantas com uma longa história de cultivo nos Açores e em particular na ilha de São Miguel.
Por todo o jardim é possível observar uma flora rica e diversificada, onde se encontram árvores centenárias, inúmeros arbustos, herbáceas e flores.

Outros seres menos evidentes, mas não menos importantes, como os briófitos (musgos, hepáticas e antocerotas), os líquenes e fungos, e as algas também habitam em inúmeros recantos do jardim. O termalismo existente também favorece o desenvolvimento de muitos destes seres.

Toda esta diversidade biológica contribui para que o parque seja um jardim agradável e aprazível de frequentar em qualquer altura do ano, não só por nós, como também por inúmeras outras espécies animais que encontram nos 12,5 hectares de matas e jardins, que constituem o parque, o abrigo e alimento necessários à sua sobrevivência.

A avifauna existente é muito diversificada, sendo possível observar algumas aves exóticas como o Cisne-negro (Cygnus atratus), o Pato-carolino (Aix sponsa), o Pato-mandarim (Aix galericulata), o Patos-tadornas (Tadorna tadorna), o Pato-de-bico-vermelho (Netta rufina), o Faisão Prateado (Lophura nycthemera), entre outras; e aves residentes como o Tentilhão dos Açores (Fringilla coelebs moreletti), o Pardal (Passer domesticus), o Melro (Turdus merula azorensis), o Pombo das Rochas (Columba livia atlantis), a Lavandeira (Motacilla cinerea patriciae), a Vinagreira (Erithacus rubecula), a Toutinegra (Sylvia atricapilla atlantis), a Estrelinha (Regulus regulus azoricus), o Estorninho dos Açores (Sturnus vulgaris granti) e o Canário da Terra (Serinus canaria).

É possível observar, também, a espécie de morcego Nyctalus azoreum, o único mamífero endémico dos Açores, que habita em colónias nas cavidades de árvores, rochas e fendas de muros e edifícios. É uma espécie que se alimenta de insetos, tornando-se essencial para o controlo de pragas, e tem a particularidade de sair antes do pôr-do-sol, algo muito pouco comum e que provavelmente se relaciona com a escassez de predadores diurnos nos Açores.
Existem no parque caixas de abrigo/ninhos, uma iniciativa ecológica que visa incentivar a permanência e reprodução de espécies como o Estorninho e o Morcego dos Açores, e sensibilizar a população para a importância da biodiversidade.

É, efetivamente, enorme a preocupação e a vontade, por parte da Família Bensaude, atual proprietária do Parque, em continuar a envidar recursos para o enriquecimento e preservação de todo este património botânico e biológico existente, de forma a poder transmiti-lo às gerações vindouras, e a torna-lo, cada vez mais, num ponto de referência no roteiro turístico e científico dos Açores.

Furnas, 28 de Setembro de 2013

Carina Costa
(Agrónoma)
Parque Terra Nostra