A erupção vulcânica de 1761 ocorrida na ilha Terceira tem vários significados, todos eles especiais, que quero já de início salientar: em primeiro lugar, é a única erupção vulcânica terrestre (saliento a ocorrência de outras erupções – as submarinas –, mesmo muito recentemente) na Ilha Terceira de que há conhecimento histórico, ou seja, a única que ocorreu desde o povoamento da ilha até aos dias de hoje; depois, esta ocorrência está profundamente relacionada com esta freguesia, uma vez que se verificou a poucos quilómetros de distância, tendo mesmo a sua corrente de lava chegado até ela; mais ainda, um antigo dono desta propriedade onde nos encontramos ergueu nela uma ermida na sequência de um voto que fez relacionado com esta erupção.
Bastariam estes pontos de significação para ficar tranquilo com a escolha do tema e entender que ele se justificava para uma ocasião desta natureza e neste lugar. Mas acresce ainda a possibilidade de trazer aqui a leitura de um curioso registo feito na época pelo então padre deste lugar, José Caetano Antona, o qual permanece inédito, pese embora ter constituído seguramente uma importante fonte para quem veio a relatar, alguns anos mais tarde, este fenómeno vulcânico.
Proponho-vos então, em primeiro lugar, revisitarmos os acontecimentos com base nos principais registos históricos publicados e depois tomarmos conhecimento do texto do padre Antona.
Antes ainda, porém, vejamos quais foram esses autores que trataram nos seus textos esta erupção.
O primeiro a oferecer-nos um testemunho sobre os acontecimentos foi José Acúrcio das Neves . Este desembargador veio para Angra no ano de 1795, permanecendo nos Açores até 1807, ocasião em que regressa ao Continente. É neste período de tempo – cerca de quarenta anos depois da erupção, como nos diz – que visita o local e recolhe a informação que lhe permite dar testemunho do sucedido, testemunho esse, por ventura, o mais detalhado que hoje se conhece, inserto num interessante conjunto de textos que intitulou “Entretenimentos Cosmológicos, Geográficos e Históricos” .
Alguns anos mais tarde, por volta dos meados do século XIX, é Francisco Ferreira Drummond que nos dá uma breve notícia desta erupção, construída essencialmente a partir de elementos que colhe de Acúrcio das Neves, mas notoriamente mais simplificada e omitindo detalhes de relevante interesse. Acrescente-se, todavia, que Drummond tem acesso a outras duas fontes de informação que cremos não terem sido do conhecimento daquele desembargador: uma “circunstanciada menção deste acontecimento”, como ele no-la refere, inscrita no Livro de Acórdãos da Misericórdia de Angra – cuja localização, por manifesto condicionamento de tempo para a preparação desta conferência, não nos foi possível intentar – e outra escrita pelo padre José Caetano Antona e inserta no Livro do Tombo da Misericórdia da Vila Nova , que, como já referimos, aqui daremos conhecimento.
Por seu turno, Jerónimo Emiliano de Andrade nada de novo acrescenta, nem tão pouco José Alves da Silva nas valiosas anotações com que a segunda edição da Topographia (...) da Ilha Terceira (...) é acrescentada. Aliás, Emiliano de Andrade quase nada mais nos diz para além daquilo que transcreve de Acúrcio das Neves.
Ernesto do Canto, no Archivo dos Açores , limita-se – e é quanto baste aos objectivos deste importante projecto editorial – a transcrever o que sobre o assunto escreveram Acúrcio e Drummond.
Outra descrição deste fenómeno encontra-se também em Alfredo da Silva Sampaio, na sua Memoria sobre a Ilha Terceira . Embora não trazendo novos elementos de carácter substancial, ao contrário dos anteriores, verifica-se que o autor não copiou ou transcreveu directamente Acúrcio, narrando os acontecimentos de modo próprio. Acresce ainda, em Alfredo Sampaio, uma mais valia que é determinada pelo facto dele revelar um maior domínio no conhecimento toponímico do local, tornando, deste modo, mais enriquecida a sua narrativa com informações deste âmbito.
Estes autores que acabámos de referir são aqueles que trataram o assunto de modo essencialmente descritivo e que podem ser considerados como as suas principais fontes hoje publicadas e disponíveis. Claro que outros autores, mais recentemente, têm dado notícia deste acontecimento, mas sobre ele nada mais acrescentaram ao que já fora dito, apenas, por vezes, oferecendo visões de síntese, como é – por exemplo – o caso de Carreiro da Costa .
Por último, mas já não no campo da descrição histórica desta erupção, não poderemos deixar de referir que o assunto também foi tratado ao nível da análise sismo-vulcanológica por alguns autores, de entre os quais salientamos José Agostinho, Friedlaender, Barthois, Victor Hugo Forjaz e João Carlos Nunes .
Agora sim – depois de termos presente que a principal fonte, publicada, para o conhecimento desta erupção vulcânica é o texto que nos legou José Acúrcio das Neves – vamos conhecer o que sucedeu.
Corria o ano de 1760, quando nos últimos dias do mês Novembro, mais precisamente a partir do dia 22, começaram a ser sentidos na Ilha Terceira os primeiros tremores de terra. Já nesse ano se tinha notado que as Furnas do Enxofre – situadas na chamada Criação do Galhardo – tinham deixado de ter a sua regular actividade, ou seja tinham deixado de lançar as suas habituais fumarolas, facto este que já na época foi considerado como um sinal premonitor de alguma anormalidade futura, senão mesmo de alguma grave ocorrência.
Pelo seu particular interesse, convém que nos detenhamos sobre a descrição que sobre as Furnas do Enxofre nos oferece Acúrcio das Neves. Diz-nos ele então:
«No Centro da ilha Terceira, e em um dos pontos mais elevados dela, existe uma caldeira denominada a furna do enxofre, pelo muito que contém, a qual é a boca de um vulcão em actividade. Eu a vi há mais de vinte anos, e teria nesse tempo quarenta braças de diâmetro junto ao seu fundo, que não é de grande profundidade. Lança fumo, gases e enxofre muito puro por um grande número de respiradouros, no meio dos quais existia uma abertura de capacidade muito mais considerável e que expulsava maior quantidade destas matérias, e principalmente gases, acompanhados de um sussurro subterrâneo e de calor intenso. Todo o fundo da taça se achava mole, e em alguns sítios reduzido a polme; apenas havia alguns carreiros, que tinham assaz consistência para se caminhar por eles havendo grande cuidado em se ir tentando o terreno com bordões. O que eu levava excedia a minha altura, e contudo em partes enterrava-se todo, sem lhe fazer grande força. As matérias vulcânicas ali acumuladas, uma secas e pulverulentas, outras humedecidas, betuminosas, ferrugíneas, etc., apresentam grande variedade: distinguem-se principalmente o enxofre, uma substância esbranquiçada semelhante ao alvaiade, e algumas matérias coloradas, de que os pintores se servem para as suas tintas. As exalações sulfúreas, atacando-me a cabeça, não me permitiram demorar-me muito neste lugar desagradável a todos os respeitos, excepto o da curiosidade.»
Voltando aos acontecimentos, decorreram cinco meses – entre Novembro de 60 e Abril de 61 – de intermitentes e inquietantes tremores de terra, quando no dia 14 de Abril se verificou um bastante mais intenso e violento que os anteriores, ocorrência esta que voltou a repetir-se, com pequenos intervalos, até 17.
Depois deste agravamento da intensidade sísmica, pela manhã desse dia 17 – diz-nos Drummond – “(...) rebentou o fogo entre o pico gordo e a serra de Santa Bárbara, com trovões subterraneos, similhantes á descarga de artilheria grossa.” Desde esse dia até ao de 21, “veio o fogo revirando a terra lentamente até ao sitio denominado – mistério velho – onde se fez nova explosão, uma legoa distante da freguezia dos Biscoitos, no logar denominado – o Chama – (apellido de seu antigo possuidor Antonio Vas Chama).”
No dia 21, ao que parece numa ocasião em que a população dos Biscoitos vinha em procissão com uma coroa do Espírito Santo na direcção do lugar onde se tinham verificado os primeiros sinais da erupção vulcânica, teve início a sua segunda fase, que veio a durar pouco mais de uma semana.
Esta erupção ocorre, como vimos, na zona do Mistério Velho, a leste do Pico Gordo, no local onde se localizam aqueles que são hoje conhecidos por Pico do Fogo, Pico Vermelho e Pico das Caldeirinhas – que não são mais do que um dos seus resultados –, registando, durante oito dias, uma grande actividade, no dizer daquele cronista, «(...) lançando ao ar com estrondo horrivel pedras de extraordinaria grandeza, e densos chuveiros de areia, e cinza que se estenderam por toda a ilha» . No local onde se verificou a erupção, as escórias vulcânicas formaram, segundo Acúrcio das Neves, «um pico de mediana grandeza (...) e em redor deste, outros montículos mais pequenos» .
A lava expelida nesta erupção não se susteve apenas no local, tendo derivado em várias direcções. Embora os autores que temos seguido não sejam precisos nem tão pouco unânimes na descrição das direcções que tomaram as correntes de lava que entretanto se formaram, aceitamos como a que mais se aproxima da realidade a que nos fornece José Acúrcio das Neves, sendo, aliás, esta que Alfredo Sampaio retoma no início do século XX.
Assim, segundo Acúrcio das Neves, esta erupção produziu três correntes de lava. Nas suas palavras: «A primeira, que terá 100 braças de comprido e trinta de largo, tomando a direcção do oriente, parou em um lugar denominado Chama, o qual ficou fumegando por alguns anos. A segunda, que terá 1000 braças de comprido e 30 de largo, dirigiu-se para o ocidente até uma quinta que é hoje do Conde de Subserra, donde lançou uma língua para o norte, até onde se chama o Tamujal. Finalmente a terceira, e a maior, correu para o norte, dividindo-se em duas, das quais uma foi parar no sítio do Vimeiro e a outra foi dar no sítio do Juncalinho, já mais branda, porém assim mesmo, invadindo um arrabalde do lugar dos Biscoitos, destruiu 27 casas e parou perto da igreja da freguesia, coisa de 500 braças longe do mar, tendo de comprido mais de uma légua e em alguns lugares 1000 braças de largura.»
Como vimos, a lava não chegou ao mar, tendo-se ficado por perto da igreja de S. Pedro desta freguesia. A caminho, para além de ter inutilizado muitos campos de mato e de cultivo, destruiu vinte e sete casas. Valeu, mesmo assim, não só aos seus moradores como também aos outros habitantes desta freguesia que a lava correu muito lentamente, de modo que puderam, sem qualquer percalço, evitá-la, não se tendo verificado, por conseguinte, qualquer perda humana.
Ainda de acordo com Acúrcio, e segundo ele diz ter ouvido contar, a lava corria tão lentamente que «andando o povo em procissão ao redor dela, acontecia acenderem nela as tochas quando se apagavam».
De qualquer modo, os habitantes dos Biscoitos abandonaram as suas casas, levando consigo os bens que puderam, ficando, por consequência, a freguesia deserta, e deslocaram-se para outras localidades, principalmente para a vizinha freguesia das Quatro Ribeiras, para cuja igreja paroquial foi deslocado temporariamente o Santíssimo Sacramento e as alfaias religiosas pertencentes à igreja de S. Pedro dos Biscoitos.
Esta erupção causou, naturalmente, medo e horror entre o povo da freguesia, levando à realização de muitas procissões e à concretização de várias promessas. Uma destas foi feita por um rico proprietário, de nome Matias da Silveira, que prometeu edificar uma ermida sob a evocação do Divino Espírito Santo se a lava não chegasse a destruir as suas propriedades nesta freguesia. Como a lava, de facto, não chegou às suas propriedades, a promessa foi concretizada e a ermida – onde veio a ser sepultado o seu fundador, conforme desejo expresso no respectivo testamento – foi construída no ano seguinte, em 1762. Esta era de pequena dimensão e situava-se na propriedade onde nos encontramos. Depois de Matias da Silveira, veio ainda a pertencer a Mateus Borges do Canto, por via de cuja viúva passou para a posse do Comendador Ciríaco Tavares da Silva, antes de ser adquirida, no início dos anos 20 do século passado, por Francisco Maria Brum, em cuja família se mantém hoje. Nos primeiros anos da década de quarenta desse século, acompanhando uma ampla reformulação dos edifícios nos quais se integrava, a ermida edificada por Matias da Silveira foi reconstruída noutro sítio da propriedade, tomando outra aparência arquitectónica – aquela que hoje conhecemos –, mas mantendo a mesma evocação.
Mesmo durante a erupção é de admitir que muita gente da ilha se tenha deslocado a esta freguesia para satisfazer a sua curiosidade e participar nas preces que por essa ocasião se tornaram frequentes no lugar. Todavia, é Acúrcio das Neves que, visitando o local quarenta anos mais tarde como vimos, nos deixa o mais valioso testemunho.
Começa por nos dizer que nos tempos imediatos à erupção a água das nascentes daquele local, especialmente nas mais próximas do mar, «tinha um ardor como o da malagueta.» Depois, que «(...) os montes de escórias e areias vulcânicas, com a sua cor em certas partes negras e em outras vermelha afogueada, traziam ainda à imaginação um vivo retrato das horrorosas cenas que os produziram» e que «a lava endurecida se achava já coberta em grande parte por diferentes musgos e algas, e principalmente por (...) urzela (...)»
Repare-se que os terrenos que foram cobertos pela lava desta erupção ficaram conhecidas por “Lava Nova”, ou “Mistério Novo”, em oposição àquela outra mais antiga, mas com características muito semelhantes – especialmente pela sua pouca idade geológica –, existente na mesma região onde se verificou esta ocorrência e que lhe assegurou o nome de Mistério Velho .
Vimos portanto que a erupção vulcânica, depois dos sinais premonitores da alteração das fumarolas nas Furnas do Enxofre e dos continuados (e mais intensos na fase final) sismos, tem a sua primeira fase de actividade entre 17 e 21 de Abril, na qual não se verificou qualquer derramamento de lava, mas essencialmente uma deslocação subterrânea do magma até ao local onde se veio a verificar a sua saída da terra. Depois, a 21 desse mês e durante oito dias, ocorre a sua segunda fase que constitui a erupção vulcânica propriamente dita. As lavas seguem essencialmente na direcção do norte, chegando a atingir algumas moradias na freguesia dos Biscoitos, junto de cuja igreja paroquial pararam.
A sua contida extensão e violência – quando comparadas com as de outras muito mais grandiosas e destruidoras – não deixaram, porém, de impressionar o Padre António Caetano Antona que, embora com visíveis – mas compreensíveis – exageros, porventura motivados pela proximidade aos acontecimentos e pela sua espectacular invulgaridade, nos deixou o testemunho com que terminaremos esta conferência.
Este texto – como já dissemos – está inscrito no Livro da Tombo da Misericórdia da Vila Nova. Encontra-se nas últimas folhas deste livro, numa parte que nada já tem a ver com aquela instituição e que reúne breves registos de catástrofes sob o título «Memoria de alguns successos ou castigos que houve nesta Ilha 3ª lançados neste Livro o anno de 1761 em que he provedor o Reverendissimo padre vigario das Lageas Manoel da Costa». É o único registo cuja redacção está datada e assinada pelo seu autor. Foi escrito no dia 9 de Julho de 1762, pouco mais de um ano, portanto, após o sucedido e constitui a sua mais contemporânea descrição, até agora ainda inédita.
Ouçamos pois – para terminar – o que escreveu o Padre Antona:
« Fogo
<Alguns dizem que rebentou em 16 de tarde>
No dia 17 do mez de Abril de 1761 rebentou fogo nesta ilha nos mattos detras da serra do Raxado <chamas> assima das freguesias dos Altares e Biscoitos precedendo os terramotos quatro ou sinco dias e ardeu com violencia dez ou doze dias queimando nelles mais mais [sic] de 20 moios de matto, levantou cette picos / os quaes vi / e hüa alagoa chamada do Negro que fica perto sendo tão grande que dizião ser braço de mar ficou quase seca com o calor e tais regoas que abrio a terra com os abalos.
<Segundo fogo>
Poucos dias depois de rebentar o primeiro fogo rebentou segundo da parte debayxo do caminho que da cidade <vai> pera as freguezias dos Biscoitos e Altares em terreiro que se chamava a Cancela do Chama distante do primeiro legoa e meya pouco mais ou menos e foi com mayor furia e braveza no luguar a honde rebentou levantou hü pico grande de pedra queimada e ardeu pelos arredores em 5 ou 6 dias perto de sem moios de matto de terra enlodada convertemdo toda em biscoito bravo <Mais pera o Noroeste> mais pera a parte do Norte levantou hum eminente pico, e perto deste mais dous iguaes e quase juntos formados de baguacina e pedra queimada e tal hé a sua eminencia que em nehum tempo se poderão subir se o tempo os não abater pelos cacumens de cujos montes vaporava o fogo com tal violencia que levantava aos ares pedras // [fl. 132] como cazas e quando chegavão a cahir ja vinhão desfeitas em pedacinhos / como me testificarão sacerdotes e pessoas fidedignas que o virão / quando despedia aos ares aquelles grandes penhascos dava tão grandes estrondos que abalavão toda a terra e se cheguarão a ouvir em algüas das ilhas circumvisinhas; ardeu este segundo fogo no matto legoa e meia paurum minusve do nascente ao poente e dividindo-se em quatro lingoas hüa no terreiro que se chamava do vimeeiro que buscava a ribeira que se chama do Moledo que vay ter à rua longa dos Biscoitos outra pela ribeira do juncalinho, outra que buscava a canada do Caldeira e a outra buscava mais pera a quinta do morgado Manuel Caetano Martins Pamplona destas se ajuntarão às duas do meio e buscarão a dita ribeira do juncalinho correndo em pouco mais de 24 horas quase de duas legoas pela ribeira abayxo e continuando por quatro ou sinco dias trazendo cada vez menos força veio pela dita ribeira abayxo trazendo cada vez menos largura veio a parar abayxo da paroquial de S. Pedro detras de hüas casas assima do Caminho que vay pera a dita igreja ardeu hum bayrro chamado do juncalinho de quem aquella ribeira tomou o nome que ficava assima da igreja pera a parte do poente a honde arderão 27 cazas de moradores e muitas terras e vinhas e com o favor de Deus se estinguio sem fazer perda de concideração a ilha nem periguar pessoa algua pelas preces e devoçoins que se fizerão por todos os luguares desta ilha.
<Fugirão os moradores da freguesia dos Biscoitos>
Da freguesia dos Biscoitos fugirão todos os habitadores levando as suas alfayas e mais moveis temendo abrazar o fogo todo aquelle luguar; continuarão os terramotos com o fogo ainda depois por muito tempo; todo o misterio ficou por algum tempo fumigando lançando muito fumo e em partes ficou coberto de hum salitre branco tão pestifero que chegando o a lingua ninguem o podia soportar. Eu o padre Joseph Caetano Antona presbytero do habito de S. Pedro o escrevi aos nove dias do mez de Julho de 1762.»
Jorge A. Paulus Bruno
Historiador
* O presente texto é um excerto de uma conferência proferida na XIIª Festa da Vinha e do Vinho, nos Biscoitos, no dia 5 de Setembro de 2003.
Agradeço aos Doutores João Carlos Nunes e José Mendonça Brasil e ao Engº Jácome de Bruges Bettencourt o apoio prestado no acesso a algumas das fontes e bibliografia que estiveram na base deste texto e aos Doutores José Elmiro Rocha e José Avelino dos Santos a ajuda na revisão da leitura paleográfica do documento que divulgamos.
1 Ao contrário do que diz Carreiro da Costa em Etnologia dos Açores, Vol.I (organização, prefácio e notas de Rui de Sousa Martins), Câmara Municipal da Lagoa, Lagoa, 1989, p.311. Este autor refere que o primeiro cronista a fazer menção desta erupção foi Francisco Ferreira Drummond, o que não é correcto porquanto este autor cita o texto de Acúrcio das Neves, sendo portanto este o primeiro a publicar sobre o assunto.
2 Obras Completas de José Acúrcio das Neves, vol.5, Edições Afrontamento, s/l, s/d, p.203-386.
A parte referente à erupção de 1761 corresponde ao Entretenimento XVII, com o título “Sobre a mesma matéria”, e situa-se entre as p.329-331.
3Anais da Ilha Terceira, vol. II, reimpressão fac-similada da edição de 1856, Secretaria Regional da Educação e Cultura, Angra do Heroísmo, 1981, p.288-290.
4 «Liuro do Tombo da Casa da Santa Misericordia da Villa Noua da Serreta pera nelle se lançarem os testamentos de uerbo ad uerbum e mais papeis e doCumentos que declarão os bens e fasenda pertençente a dita Casa prinçipiado no anno de 1711 Sendo prouedor da santa Casa o padre Saluador Lucas Valadão Cura desta freguesia e parochial igreja do Spirito Santo», Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Angra do Heroísmo, Misericórdia da Vila Nova, (1756-1802), Livro do Tombo da Santa Casa da Misericórdia da Vila Nova.
5Topographia ou Descripção phisica, civil, ecclesiastica, e historica da Ilha Terceira dos Açores. Primeira Parte Offerecida á mocidade terceirense, 2ª edição (anotada pelo vigário José Alves da Silva), Livraria Religiosa Editora, 1891, p.275-279.
6 Archivo dos Açores. Publicação destinada à vulgarização dos elementos indispensáveis para todos os ramos da história açoriana, edição digital de Manuel Moniz http//www.azornet.com, Ponta Delgada, 2001, vol. IV, p.362-365.
7 Alfredo da Silva Sampaio, Memoria sobre a Ilha Terceira, Imprensa Municipal, Angra do Heroísmo, 1904, p.29-30 e 299.
8 Etnologia dos Açores, Vol.I (organização, prefácio e notas de Rui de Sousa Martins), Câmara Municipal da Lagoa, Lagoa, 1989, p.311-313.
9 José Agostinho: Tectónica, sismicidade e vulcanismo nas ilhas dos Açores, in “Açoreana”, Sociedade Afonso Chaves, vol.I, nº2, Angra do Heroísmo, 1935, p.86-98 e Actividade Vulcânica nos Açores, Tipografia Andrade, Angra do Heroísmo, 1960 (sep. da “Açoreana”, vol.I, nº5, 1960); I. Friedlaender: Os Açores, in “Açoreana”, Sociedade Afonso Chaves, vol.I, nº1, Angra do Heroísmo, 1934, p.39-58; L. Barthois: Sur une Roche Siliciense de Biscoitos, Ile Terceira, Açores, in “Açoreana”, Sociedade Afonso Chaves, vol.IV, nº3, Angra do Heroísmo, 1948, p.246-262; Victor Hugo Forjaz: Carta Geológica da Ilha Terceira, Gabinete de Apoio à Reconstrução, Angra do Heroísmo, 1980; João Carlos Nunes: Notas sobre a geologia da Ilha Terceira (Açores), in “Açoreana”, Sociedade Afonso Chaves, vol.IX, nº2, Ponta Delgada, 2000, p.205-215 e Estudo geológico da depressão vulcânica de São Sebastião (Ilha Terceira, Açores) e área envolvente, Relatório Projecto PPERCAS-Universidade dos Açores 1/2000, Ponta Delgada, 2000.
10 José Acúrcio das Neves, Op. Cit., p.329.
11 Francisco Ferreira Drummond, Op. Cit., p.288-289.
12 Idem, Ibidem, p.289.
13 José Acúrcio das Neves, Op. Cit., p.330.
14 Idem, Ibidem, p.330.
15 Idem, Ibidem, p.330-331.
16 Friedlaender, I., Os Açores, in “Açoreana”, Sociedade Afonso Chaves, vol.I, nº1, Angra do Heroísmo, 1934, p.42.
17 À margem.
18 Entrelinhado.
19 À margem.
20 Entrelinhado.
21 À margem.
22 À margem.
23 «Liuro do Tombo da Casa da Santa Misericordia da Villa Noua da Serreta pera nelle se lançarem os testamentos de uerbo ad uerbum e mais papeis e doCumentos que declarão os bens e fasenda pertençente a dita Casa prinçipiado no anno de 1711 Sendo prouedor da santa Casa o padre Saluador Lucas Valadão Cura desta freguesia e parochial igreja do Spirito Santo». (Cf. Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Angra do Heroísmo, Misericórdia da Vila Nova, (1756-1802), Livro do Tombo da Santa Casa da Misericórdia da Vila Nova, fls. 131v-132).
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