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Ilhéu das Cabras Sandra Toste
ILHA TERCEIRA
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A sueste de Angra do Heroísmo podemos avistar os maiores ilhéus dos Açores, com uma área total de 29 ha e uma linha de costa de 3239 m. Continua...
Sandra Toste – Engenheira do Ambiente
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A sueste de Angra do Heroísmo podemos avistar os maiores ilhéus dos Açores, com uma área total de 29 ha e uma linha de costa de 3239 m. Conhecido singularmente como “o ilhéu” das Cabras, são actualmente dois, designados respectivamente por ilhéu Pequeno e ilhéu Grande. Resultado do desgaste sofrido pelo vulcão submerso que os originou, a sua disposição simétrica inspirou em Vitorino Nemésio a imagem de que os ditos ilhéus seriam “quebrados pelo meio como um pão mal tendido”.

Apesar de não serem habitados, foram utilizados como zona de pastoreio de gado ovino e caprino e reza a lenda de que lá terá vivido, desterrado por sete anos, um jovem faialense de coração volúvel, por ordem do pai da sua amada donzela.

Marcos incontornáveis da paisagem costeira da ilha Terceira, há quem refira ainda o seu papel na história da Segunda Guerra Mundial, altura em que a profundidade do canal que separa os ilhéus terá permitido a um submarino alemão ocultar-se, desferindo a partir dai os seus ataques.

Estes rochedos de difícil acesso são o local escolhido por um número significativo de Cagarros (Calonectris diomedea borealis) dos que todos os anos vêm aos Açores para nidificar, encontram-se ainda exemplares de Garajau-comum (Sterna hirundo) e Garajau-rosado (Sterna dougallii). A presença destas aves, protegidas pelo Anexo I da Directiva habitat, valeu a estes ilhéus o estatuto de ZPE (Zona de Protecção Especial), bem como a sua inclusão na lista de Important Bird Áreas (Zonas Importantes para as Aves) dos Açores, publicada pela Birdlife International.

O Morcego-dos-Açores (Nyctalus azorium), que aqui ocorre, é o único mamífero endémico dos Açores e a mais pequena espécie europeia do género Nyctalus. Esta espécie encontra-se muito ameaçada segundo a avaliação da IUCN (International Union for Conservation of Nature), sendo protegida pela convenção de Berna e pela Directiva Habitats.

Deste aparelho vulcânico fazem parte diversas grutas à volta das quais se desenvolve um biótipo muito diversificado e único. A gruta dos Ratões, na costa norte do ilhéu oeste, é muito conhecida entre os mergulhadores, e distingue-se por ser um dos poucos locais nos Açores onde se verificam agregações reprodutivas em massa de ratões-águia (Myliobatis aquila). Podem observar-se ainda várias dezenas de espécies de peixes e outros vertebrados e invertebrados marinhos. A riqueza biológica e as condições geográficas favoráveis tornam a região subtidal dos ilhéus das Cabras um local privilegiado para actividades subaquáticas, quer na sua vertente recreativa quer no potencial disponível para a investigação científica.

Sandra Toste – Engenheira do Ambiente