5. PARQUE TEMÁTICO DA ENERGIA HÍDRICA DA RIBEIRA DA PRAIA.
A bacia da Ribeira da Praia é uma estrutura ecológica singular, onde se desenrolaram, até aos nosso dias, processos de apropriação social, privilegiando espaços distintos, que se centraram na implantação e modo de existência de um povoado fortemente ruralizado, nas atividades domésticas, onde a água é um elemento indispensável, nas produções agrárias e piscatórias, nas serrações de madeira e no fabrico de pregos, na produção de hidroeletricidade, na agro-indústria da espadana, na captação de água potável, em práticas recreativas, desportivas, pedagógicas e cientificas e, finalmente, no turismo cultural e ambiental, qualificado por uma unidade hoteleira instalada na zona litoral.
Nesta estrutura ecológica, convergiram processos de patrimonialização e de gestão patrimonial e museológica de bens ambientais, culturais e paisagísticos, que se adensaram na fajã (dragoeiros e ermida setecentista), na Praia-Trinta Reis [lugar classificado (1982-2008), Central-Museu e moinhos] e nas Terras Altas (classificações e reclassificações da Lagoa do Fogo).
Neste contexto, organizaram-se sistemas de comunicação por meio de percursos pedestres lúdico-pedagógicos, ativados temporariamente pelos pedestrianistas, e a rede hidrográfica da Ribeira da Praia foi identificada como zona turística de elevado potencial, decorrente, sobretudo, da diversidade e relevância dos valores patrimoniais existentes.
No entanto, para que estes bens se tornem recursos para o desenvolvimento local é indispensável implementar a sua gestão integrada, propondo-se para o efeito a criação de um parque cujo tema mobilizador será a energia hídrica.
5.1. CONCEITO DO PARQUE TEMÁTICO.
O Parque da Energia Hídrica da Ribeira da Praia é um sistema de redes multirrelacionais que articulam pólos, recursos e complexos de valor patrimonial, económico e lúdico-turístico, existentes na referida bacia hidrográfica, geridos nos respetivos contextos ecológicos e numa perspetiva de desenvolvimento social e local.
As redes relacionais, que integram cidadãos, grupos e instituições, têm por finalidade a organização, a gestão e a comunicação dos recursos selecionados. As instituições participam na dinâmica do parque através da celebração de protocolos, acordos ou pedidos de colaboração pontual.
Os pólos são áreas, sítios ou elementos da natureza e da cultura, com interesse patrimonial e espaços de lazer ao ar livre, cuja gestão, promoção e comunicação estejam a cargo do Município, como é o caso da Central Museu e da Central da Vila.
Recursos patrimoniais são os valores do património natural, cultural (material ou imaterial, móvel ou imóvel, público ou privado) e paisagístico, geridos numa perspetiva de desenvolvimento participado (ermida setecentista, ruínas de moinhos, Ponte da Ribeira da Praia, barracão de embarcações, práticas agrícolas…).
Complexos patrimoniais são valores da natureza e/ou da cultura e da paisagem, existentes num determinado espaço ecológico e que podem ser objeto de gestão, promoção e divulgação conjunta, como é o caso da zona da fajã, do sistema hidroelétrico da Praia e do sistema de captação de água da ribeira da Praia.
Nos recursos lúdico-turísticos integram-se os espaços especializados de recreio e lazer ao ar livre, dotados normalmente de equipamento adequado (Merendário da Ponte da Praia-Secretaria Regional da Habitação e Equipamento, Parque Escutista dos Lagos).
5.2. GESTÃO DO PARQUE
Propõe-se que o Centro de gestão do parque seja sediado na Câmara Municipal de Vila Franca do Campo, sendo o coordenador nomeado pelo respetivo Presidente.
A gestão do território e dos seus recursos, a implementar por meio de protocolos, será realizada com a participação do Museu de Vila Franca do Campo, da Junta de Freguesia de Água d’Alto, da Empresa de Eletricidade dos Açores (Fundação José Cordeiro), do Hotel Bahia Palace, do Núcleo de São Miguel do Corpo Nacional de Escutas, de cidadãos do lugar da Praia e outras entidades publicas e privadas, envolvidas na utilização do espaço.
5.3. ESPAÇO INTERPRETATIVO E CentroS DE ACOLHIMENTO
A Central Museu albergará o espaço interpretativo da bacia hidrográfica da Ribeira da Praia, funcionando também como Museu hidroelétrico e espaço de acolhimento dos visitantes do parque.
A receção do Hotel Bahia Palace poderá funcionar igualmente como Centro de acolhimento e informação do parque temático, nos termos a definir.
5.4. PERCURSOS PEDESTRES
As redes de percursos pedestres a definir e a sinalizar assim como os roteiros temáticos constituirão um sistema de comunicação e de gestão, articulando pólos, recursos e complexos patrimoniais.
Vila Franca do Campo, 21 de Dezembro de 2011.
Rui de Sousa Martins
Martins, 2006.
P.S.: Deste trabalho foram elaboradas as seguintes versões: 24 de Novembro de 2008, 3 de Março de 2009, 24 de Março de 2010. |