As ilhas dos Açores são constituídas por aparelhos vulcânicos complexos, essencialmente constituídos por porções basálticas e traquíticas.
O modelo de fluxo insular engloba uma zona com escoamento não saturado, onde se desenvolvem sistemas aquíferos suspensos, e um aquífero basal, limitado superiormente por uma superfície freática e inferiormente por uma zona de interface com água salgada proveniente de infiltrações do mar.
Os aquíferos suspensos estão associados à presença no terreno de níveis piroclásticos alterados, escoadas compactas ou paleóssolos. Sempre que ocorrem condições geomorfológicas favoráveis, ao longo de arribas costeiras, frentes de escoadas lávicas, caixas de falha, tubos de lava e talvegues de ribeiras, estes sistemas descarregam para nascentes que ocorrem em todo o território.
A água proveniente dos aquíferos suspensos é captada nalgumas ilhas a partir de poços escavados manualmente (e.g. S. Sebastião, Lajes e Fontinhas na ilha Terceira) ou a partir de furos. Apresenta no geral elevada vulnerabilidade à contaminação de natureza orgânica e agro-química, resultantes da intensa actividade agro-pecuária, e de natureza térmica e química, associada com a actividade vulcânica.
Os aquíferos basais têm maior desenvolvimento abaixo do nível médio da água do mar, dispondo-se a superfície freática até 3 km da linha de costa e 1 a 2 metros acima do nível médio do mar. A zona onde se desenvolve a interface água doce/água salgada, é no geral pouco profunda sendo a zona saturada com água doce de alguns metros.
Os pontos de descarga dos aquíferos basais localizam-se ao longo da linha de costa e numa estreita faixa submarina que rodeia as ilhas a partir de nascentes muito caudalosas. A sua captação faz-se através de furos e, nalgumas ilhas como na Graciosa e Pico, a partir de poços escavados manualmente (poços de maré), que são com frequência sujeitos a fenómenos de salinização.
Nalgumas ilhas o aquífero basal está sujeito a processos de contaminação associados à ocorrência de fluidos geotérmicos, apresentando a água mineralizações e temperaturas elevadas.

Francisco Cota Rodrigues – Hidrogeólogo
Universidade dos Açores